Por quê?


O sofrimento é inevitável, mas pra que chorar tanto, menina? Sempre? De onde isso vem, que fonte é essa!, onde abasteces? Por quê? Por que choras tanto? Estás perdida? Não conheces ninguém? Conheces ou não? (T) Qual teu nome? Não sabes?! (T) O que fazes? Hein? Diz. (T) De onde vens? Não sabes... (T) Choras por quê? Por esquecimento? Abandono? A indiferença. Que é? Fala! O silêncio? O barulho! Não. A infância, talvez! Também não? Sim ou não? (T) “Quer e não é possível”? Por que, menina? Diz! Fala! Palavra! Voz, cacete. Solta a voz. Um murmúrio então. Um! Murmuriozinho. Um gemido. Um! Soluço não... nãão, soluço não, por favor, para de chorar... Por quê?! Por que choras?! Olha pra mim. Diz onde vais, te levo. Não, não, para. Não chores. Para! Caralho! Levanta. Vem. Vem... Vou te mostrar lugares lindos. Lindos! Altos! Vem, vais ver. Não precisas dizer nada. Está ao meu lado. Não digas nada. No nada sempre vem o nada e, burros, achamos que é tudo. Só porque “vem”. Depois vemos que não passa de um nada. Mais um. Nada. Mas desta vez estarás comigo. Tua mão?