“O Atormentador” continua encantando e atormentando o público

Sessões seguidas de debate são a fagulha para o encontro e a troca de saberes e experiências
“O Atormentador” é a mais nova peça que o profícuo diretor Eid Ribeiro coloca em cartaz, marcando a volta da Companhia Absurda aos palcos. Após cumprir duas temporadas em Belo Horizonte, com estreia no Teatro de Bolso do Sesc Palladium e em seguida no Teatro João Ceschiatti, Palácio das Artes, o diretor e dramaturgo dá sequência ao trabalho, fomentando sessões seguidas de debate com o público. A peça estreou em agosto e tem tido um diálogo muito proveitoso com os estudantes, participando do evento anual Jornada das Utopias da PUC-Minas, onde se apresentou para mais de 400 alunos, e também participou do projeto Baixo Centro En[Cena], do Centro Cultural UFMG, e do movimento estudantil V Enet, da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico, com representação da maioria dos estados brasileiros, contabilizando mais de 1.000 alunos. Em janeiro de 2019 participará do Verão Arte Contemporânea, a ser realizada no Teatro 2 do CCBB-BH.

“O Atormentador” não é uma peça de personagens, é uma peça de ideias. As ideias são em suma do atormentador Eduardo Galeano que, sensível e inquieto, muitas vezes colocou sua vida em risco para apoiar o lado dos mais fracos, usando as palavras como arma, tanto para denunciar torturas, mortes e desaparecimentos, quanto para ouvir na clandestinidade líderes dos movimentos de libertação”, diz o diretor.
Experiência extremamente rica com reflexões sociais, mas também com humor e poesia, a trama mescla lendas, fábulas, histórias, utopias e distopias numa delicada dramaturgia em que soam as palavras, os movimentos dos corpos e a sutileza dos gestos. Representada por uma dupla de comediantes vestida como nos velhos filmes de cinema mudo, os atores Glauce Guima e Nino Batista divertem, encantam e emocionam o público com narrativas atuais que colam com o momento em que vivemos, de radicalizações.
QUAL A PESQUISA DESENVOLVIDA NO TRABALHO?
Sem cenário, com a caixa preta aberta, e usando como objetos de cena apenas dois banquinhos e bastões de ferro, “O Atormentador” desenvolve uma linguagem baseada na síntese e na potência da palavra, inspirada nos primórdios do teatro, que o antecederam - a figura esquecida e tão importante dos rapsodos gregos, que levavam às ruas de Atenas a memória e a oralidade que posteriormente foram transferidas para a linguagem escrita, como a Ilíada, de Homero.
A forma de emissão narrativa, em que o ator prioriza a potência do verbo e a valorização das imagens, proporciona ao público um poder que raramente lhe é conferido - o de fazer suas próprias considerações e reflexões a respeito do que está sendo dito, sem que ele se sinta forçado a tal. O processo é tão natural, como é natural a manifestação de sua potência imagética quando entram os textos poéticos.
Aparentemente simples, mas incansavelmente depurado em sua estética do uso das palavras, do movimento dos corpos e da precisão dos gestos. A identificação da plateia é instantânea, embarca na linguagem popular de dois comediantes performáticos vestidos de chapeu coco.
Inspirado essencialmente no “Livro dos Abraços” de Eduardo Galeano, “O Atormentador” traz à cena vozes da alma e das ruas da América Latina, em um momento em que nossa história precisa ser lembrada e repensada, a partir de uma troca real de experiências - atores narrativos e espectadores ouvintes, potencializando, nesta relação, a escuta e a troca de afetos.
Ficha técnica:
Direção e dramaturgia: Eid Ribeiro
Atuação: Glauce Guima e Nino Batista
Assistente de direção: João Santos
Criação de luz: Marina Arthuzzi
Figurinos e objetos cênicos: Marco Paulo Rolla
Direção de movimento: Suely Machado
Trilha sonora: Eid Ribeiro e João Santos
Fotos: Guto Muniz
Projeto gráfico: Liz Schrickte
Vídeo do espetáculo: Byron O’Neill
Teasers: Victor Burgos/ Câmera Lenta
Redes sociais: Djavan Henrique
Assessoria de imprensa: Glenda Souza
Apoio: C.A.S.A - Centro de Arte Suspensa e Armatrux, Grupo de Dança Primeiro Ato e Centro Cultural UFMG
Produção: Cia Absurda e Aviva Produções
Facebook: O Atormentador
Instagram: @oatormentador