Hoje o Jorjão ficou de passar aqui às 9 da manhã. É domingo e ontem foi aniversário da minha amiga Assunção, que se eu não fosse a esse aniversário ela ia me matar, ou então falar na minha cabeça durante 1 ano porque eu não fui, como foi no ano passado. Então eu fui. A Assunção me pediu pra chamar meu amigo Dino, amigo e vizinho, pra ir também no aniversário dela. É que o Dino, na hora que a Assunção me ligou pra falar do aniversário, tinha acabado de sair daqui de casa me ajudando a trocar os móveis de lugar. É que eu tava no ônibus vindo pra casa e pensando no tanto que eu queria mudar os móveis de lugar. Subi no elevador e parei dois andares acima do meu pra bater na porta do Dino, e essa porta tem um desenho dele mesmo, um bonequinho parecido com ele e escrito embaixo "Dino", fazendo o chão pro bonequinho não voar, essas coisas que só gente de psicologia nota (eu não sou de psicologia). E pensei no tanto que o Dino é esperto porque não dá pra confundir a casa dele. Nosso prédio tem todas as portas iguais, todos os corredores iguais, então é fácil bater na porta dos outros por engano se não olhar direito o número em cima da porta. Então vi o desenho, vi que era mesmo a porta do Dino, testei a campainha (não funciona), bati três vezes com o dedo médio, que é o que ressoa mais. Esperei em frente ao olho mágico pro Dino ver que era eu, porque nesse nosso prédio tem tanta gente, dizem que mais de 2100 pessoas, e não é todo mundo que abre a porta assim, sem ver antes pelo olho mágico. Porque o nosso prédio não tem interfone, então pra falar com alguém, só mesmo batendo na porta e ficando em frente ao olho mágico. Então o Dino deve ter visto que era eu porque nem demorou a abrir. Abriu, deu um sorriso de Dino, eu retribuí um sorriso meio assim sei lá de quê, e disse "Dino, você tá muito ocupado?", "Tô almoçandinho...", "É que... será?, pode?, é muito pesado... depois do almoço... Te espero então, sem pressa. Obrigada, Dinoooo!". Desci correndo os dois lances de escada e, chegando em casa, passei um café fresco e bem forte pro Dino que não quis café nenhum, quis foi a cachaça pau pereira que é maravilhosa e que foi o meu benzinho que trouxe aqui pra casa. Meu benzinho é aquele amorzinho com quem eu tava falando no Fragmento anterior, o dos seiscentos que vai virar zero, e que não vejo a hora dele voltar.
Ontem, no início, eu tava falando com ele. Por isso que tem aquelas coisas de ninfeta e de homem descendo as escadas. Aquelas outras de ovo herdado e de língua divina fui eu também que falei, mas é como se não fosse. E depois eu esqueci tanto e gostei tanto da novidade que eu tava falando não sei pra quem, que esqueci dele pensando que tinha gente me ouvindo contar aquilo tudo, e que eu não sabia quem que era. Engraçado porque parecia mesmo que a casa tava cheinha de gente. Mas não fique chateado, benzinho, que eu vou deitar daqui a pouco na rede e ficar "pensandinha" em você olhando as estrelinhas e fazendo a rede tremer. Eu não esqueço você... Mas o que eu tava falando é que o Dino tomou o pau pereira que eu tinha e o Dino suava coitado arrastando esses móveis pesados porque quem fazia força era ele. Até que ficou tudo do jeitinho que eu queria. A escrivaninha de frente pra janela que dá pra uma floresta, que é pro Cláudio quando se sentar nela ter mais motivo pra continuar sentado sem ficar olhando pra mim com aquele olho de quem tá vendo tudo mas na verdade não tá vendo é nada. Acho que foi quando ele saiu dizendo "de repente me senti tão sozinho" que eu tive a ideia dessa escrivaninha ali, pra preencher a vida dele aqui em casa. Porque é lindo tudo que eu vejo pela minha janela, e acho que deve ser pra ele também, o céu quase entra dentro de casa de tão grande que é a janela, então coloquei a escrivaninha meio enviesada, de quina, mais de frente que de lado. Meio de quina, só pra dar um charme. Vi o Dino antes de ir embora e tomar o último gole do pau pereira experimentando um óculos amarelo que eu tinha. Eu disse "Leva", ele "Fica bem no palco", o Dino é músico, toca percussão e manda um eletrônico. É cheio de mulher querendo beijar ele, e sem óculos. Imagina com esse óculos, ficou realmente muito lindo. "Leva, é seu.". Ele agradeceu e pediu emprestado o filme "Querelle", eu disse "Leva!", ele "Eu te devolvo daqui a pouco. Se eu não vier até tal hora...", eu "Não esquenta, Dino, quando puder você traz de volta". E aí ele foi, fez reverência na hora de sair, o Dino é muito elegante, mesmo descalço ele é elegante. Ele tirou o chinelo antes de entrar aqui em casa, só quando ele foi embora que eu percebi que ele tava descalço porque ele inclinou a coluna assim, pra encaixar o chinelo no meio do dedão e o outro de segurar marido, aí então percebi que o Dino é mais elegante do que eu pensava porque ele tava descalço e eu não percebi. A gente despoja quando fica descalço, mas o Dino não despoja acho que nunca. Então fechei a porta depois da reverência do Dino, agradecendo, mandando beijos como se estivesse num porto. Tudo em slow. "Agora eu vou sentar na escrivaninha, pegar um café com canela, um choro de vodka, e.", pensei. Já era noitinha. E eu gosto de sentar em frente à janela quando é noitinha. Foi eu fechar a porta pro telefone tocar. Assunção. "Meu amorzinho, acabei de fazer aniversário..." Já vi que vinha coisa... Senti que eu ia ter que sair de casa naquela noite, ontem... "Mas não é amanhã, Assunção? Dia 21? Não é dia 21 o seu aniversário?" "Esse ano é hoje," o sol na casa tal a lua que não sei o quê e não sei o quê lá mais, eu não entendo essas coisas de astros que a Assunção conhece e adora, só sei que ela mandou "Esse ano meu aniversário é hoje, e começou agora, às 18h23". "Hum..." - Paralisei. "Você sabe que você é a única pessoa que eu quero ao meu lado hoje... , ...". "Sei... (?) e você tá pensando em fazer o quê?" - perguntei, porque a Assunção queria ter me carregado pra Búzios esse fim de semana, coisa de querer passar o aniversário em uma cidade onde ninguém a conhecesse e eticétera e tals, porque a Assunção é conhecida aqui, ela faz cinema, cineasta, cineasta de vanguarda, a Assunção é fragmentada, todo mundo conhece um pouco da Assunção. Mas eu tirei a ideia de Búzios da cabeça dela logo que pensei no Cláudio e no Jorjão que iam ficar chateadíssimos comigo se eu viajasse esse fim de semana, e depois eu conto por que eles iam ficar chateados. Bom, pelo menos Búzios não é... – pensei. E esperei a resposta, enquanto sentava na escrivaninha. "Abriu uma pizzaria aqui na minha rua, um lugar lindo, super charmoso, queria que você viesse pra cá e me ajudasse a organizar... Eu queria... sabe o que que eu queria? Eu queria... um encontro só com meus grandes amigos, parceiros, só gente querida. Quero só gente querida hoje perto de mim, e pensei em comemorar hoje porque tá todo mundo acostumado com essa coisa de meia noite, passar meia noite e tals, e eu não vou ficar explicando todo o meu mapa astrológico desse ano pra todas as pessoas que eu ligar. Então fica como se fosse na virada mesmo da meia noite o meu aniversário." – Então não sou só eu que ela quer, pensei... "Pensei nesse lugar porque é baratinho, é pizzaria, todo mundo pode pagar, e eu quero um programa mais leve, nada de noitada boate doideira...", "Eu acho ótima, Assunção, essa sua sugestão...", "Eu preciso, meu bebê, preciso muito de você pra me ajudar a ligar pras pessoas, ir comigo na pizzaria conversar antes com o gerente, ver se ele deixa eu levar uns prossecos, mais uma garrafa de uísque e uma de vodka, e tenho que ver também se lá pode fumar, porque se não puder fumar eu prefiro passar a meia noite no banquinho da praça Santos Dumont. Você faz isso pra mim, de presente?", "Assunção, eu tô sem internet, não tenho como fazer isso...", "Mas não é pela internet, menina, você vem aqui em casa e liga do meu telefone. Na vinda você passa na pizzaria e vê essas coisas pra mim... Eu dei uma fisgada na coluna limpando a casa pra ficar bem limpinha no dia do meu aniversário porque depois que a pizzaria fechar a gente vem pra cá e fica escutando o último cd do Caetano que é maravilhoso. Pedi à minha mãe de presente uma faxineira hoje, mas a puta não veio. A casa tava daquele jeito que você conhece. Acho que eu mereço agora um banho e pensar na noite." "Assunção, eu não posso ir pra aí mais cedo... Adoraria te ajudar, mas não posso..." "O quê que você tá fazendo, sua vaca?" "Assunção, eu tô fazendo um monte de coisas, um monte! de coisas..." "Monte, o quê?" "Monte, desde lavando roupa até..." "Não, dando o cu é que não" – ela ria e ria. "Não, Assunção, infelizmente não estou dando o cu (no momento). Mas faz o seguinte: toma seu banho, pega o elevador, e vai lá ver isso com o gerente. Eu me encarrego de ligar pro Jesus e você liga pro resto. Se bem que nem sei como é que eu vou achar ele porque a porra não tem celular, mas eu tento o fixo, ligo pro 102 e pronto, resolvido. Faz isso que mais tarde a gente se encontra." E desligamos, peguei o telefone da escrivaninha, o fixo, e liguei pro 102. Bastou 1 minuto e meio conversando com a puta da voz eletrônica dizendo "Entendi" "Não entendi. Poderia repetir?" "Não entendi, poderia repetir?" "Não entendi. Poderia repetir?" "Sua puta, vai tomar no meio do seu cu", e desliguei. Tento não perder os nervos. Hoje ficaremos sem o Jesus, se o Jesus não ligar. Pensei isso olhando pra fora, morrendo de vontade de ficar em casa. E descobri que eu tinha colocado a escrivaninha ali não só por causa do Cláudio, mas porque eu também ia adorar ficar sentadinha ali, as perninhas pra cima, olhando a paisagem. Porque eu vou te falar uma coisa, se tem uma coisa que me comove é a paisagem. Depois da música, porque a música é a coisa que mais mais me comove. Mais mais mais. E nem tem jeito de fugir porque em tudo que eu faço tem uma música que acompanha. Por exemplo, tenho uma que se chama "Descendo a escadaria do 336", que é quando o elevador tá quebrado e eu tenho que descer de escada que é dó dó dó dó ré dó dó dó dó dó dó dó ré dó dó dó fá dó ré mi ré sol dó mi , tudo dois por quatro, eternamente no ritornelo, até chegar no térreo. Até chegar no fá são os degraus, daí pra frente e antes de voltar ao começo são os 7 passos até chegar no outro lance de degraus. A música é realmente impressionante. Foi Ray Charles que disse uma vez que "Pela Música cheguei a Deus. E quando cheguei a Deus, vi que havia chegado ao Diabo. Não quero desfazer este pacto por toda a eternidade". Esse disse tudo. Agora vou tomar banho pra sair. Meu benzinho, estou te esperando de volta. Um beijo, da sua, L.R.
Ontem, no início, eu tava falando com ele. Por isso que tem aquelas coisas de ninfeta e de homem descendo as escadas. Aquelas outras de ovo herdado e de língua divina fui eu também que falei, mas é como se não fosse. E depois eu esqueci tanto e gostei tanto da novidade que eu tava falando não sei pra quem, que esqueci dele pensando que tinha gente me ouvindo contar aquilo tudo, e que eu não sabia quem que era. Engraçado porque parecia mesmo que a casa tava cheinha de gente. Mas não fique chateado, benzinho, que eu vou deitar daqui a pouco na rede e ficar "pensandinha" em você olhando as estrelinhas e fazendo a rede tremer. Eu não esqueço você... Mas o que eu tava falando é que o Dino tomou o pau pereira que eu tinha e o Dino suava coitado arrastando esses móveis pesados porque quem fazia força era ele. Até que ficou tudo do jeitinho que eu queria. A escrivaninha de frente pra janela que dá pra uma floresta, que é pro Cláudio quando se sentar nela ter mais motivo pra continuar sentado sem ficar olhando pra mim com aquele olho de quem tá vendo tudo mas na verdade não tá vendo é nada. Acho que foi quando ele saiu dizendo "de repente me senti tão sozinho" que eu tive a ideia dessa escrivaninha ali, pra preencher a vida dele aqui em casa. Porque é lindo tudo que eu vejo pela minha janela, e acho que deve ser pra ele também, o céu quase entra dentro de casa de tão grande que é a janela, então coloquei a escrivaninha meio enviesada, de quina, mais de frente que de lado. Meio de quina, só pra dar um charme. Vi o Dino antes de ir embora e tomar o último gole do pau pereira experimentando um óculos amarelo que eu tinha. Eu disse "Leva", ele "Fica bem no palco", o Dino é músico, toca percussão e manda um eletrônico. É cheio de mulher querendo beijar ele, e sem óculos. Imagina com esse óculos, ficou realmente muito lindo. "Leva, é seu.". Ele agradeceu e pediu emprestado o filme "Querelle", eu disse "Leva!", ele "Eu te devolvo daqui a pouco. Se eu não vier até tal hora...", eu "Não esquenta, Dino, quando puder você traz de volta". E aí ele foi, fez reverência na hora de sair, o Dino é muito elegante, mesmo descalço ele é elegante. Ele tirou o chinelo antes de entrar aqui em casa, só quando ele foi embora que eu percebi que ele tava descalço porque ele inclinou a coluna assim, pra encaixar o chinelo no meio do dedão e o outro de segurar marido, aí então percebi que o Dino é mais elegante do que eu pensava porque ele tava descalço e eu não percebi. A gente despoja quando fica descalço, mas o Dino não despoja acho que nunca. Então fechei a porta depois da reverência do Dino, agradecendo, mandando beijos como se estivesse num porto. Tudo em slow. "Agora eu vou sentar na escrivaninha, pegar um café com canela, um choro de vodka, e.", pensei. Já era noitinha. E eu gosto de sentar em frente à janela quando é noitinha. Foi eu fechar a porta pro telefone tocar. Assunção. "Meu amorzinho, acabei de fazer aniversário..." Já vi que vinha coisa... Senti que eu ia ter que sair de casa naquela noite, ontem... "Mas não é amanhã, Assunção? Dia 21? Não é dia 21 o seu aniversário?" "Esse ano é hoje," o sol na casa tal a lua que não sei o quê e não sei o quê lá mais, eu não entendo essas coisas de astros que a Assunção conhece e adora, só sei que ela mandou "Esse ano meu aniversário é hoje, e começou agora, às 18h23". "Hum..." - Paralisei. "Você sabe que você é a única pessoa que eu quero ao meu lado hoje... , ...". "Sei... (?) e você tá pensando em fazer o quê?" - perguntei, porque a Assunção queria ter me carregado pra Búzios esse fim de semana, coisa de querer passar o aniversário em uma cidade onde ninguém a conhecesse e eticétera e tals, porque a Assunção é conhecida aqui, ela faz cinema, cineasta, cineasta de vanguarda, a Assunção é fragmentada, todo mundo conhece um pouco da Assunção. Mas eu tirei a ideia de Búzios da cabeça dela logo que pensei no Cláudio e no Jorjão que iam ficar chateadíssimos comigo se eu viajasse esse fim de semana, e depois eu conto por que eles iam ficar chateados. Bom, pelo menos Búzios não é... – pensei. E esperei a resposta, enquanto sentava na escrivaninha. "Abriu uma pizzaria aqui na minha rua, um lugar lindo, super charmoso, queria que você viesse pra cá e me ajudasse a organizar... Eu queria... sabe o que que eu queria? Eu queria... um encontro só com meus grandes amigos, parceiros, só gente querida. Quero só gente querida hoje perto de mim, e pensei em comemorar hoje porque tá todo mundo acostumado com essa coisa de meia noite, passar meia noite e tals, e eu não vou ficar explicando todo o meu mapa astrológico desse ano pra todas as pessoas que eu ligar. Então fica como se fosse na virada mesmo da meia noite o meu aniversário." – Então não sou só eu que ela quer, pensei... "Pensei nesse lugar porque é baratinho, é pizzaria, todo mundo pode pagar, e eu quero um programa mais leve, nada de noitada boate doideira...", "Eu acho ótima, Assunção, essa sua sugestão...", "Eu preciso, meu bebê, preciso muito de você pra me ajudar a ligar pras pessoas, ir comigo na pizzaria conversar antes com o gerente, ver se ele deixa eu levar uns prossecos, mais uma garrafa de uísque e uma de vodka, e tenho que ver também se lá pode fumar, porque se não puder fumar eu prefiro passar a meia noite no banquinho da praça Santos Dumont. Você faz isso pra mim, de presente?", "Assunção, eu tô sem internet, não tenho como fazer isso...", "Mas não é pela internet, menina, você vem aqui em casa e liga do meu telefone. Na vinda você passa na pizzaria e vê essas coisas pra mim... Eu dei uma fisgada na coluna limpando a casa pra ficar bem limpinha no dia do meu aniversário porque depois que a pizzaria fechar a gente vem pra cá e fica escutando o último cd do Caetano que é maravilhoso. Pedi à minha mãe de presente uma faxineira hoje, mas a puta não veio. A casa tava daquele jeito que você conhece. Acho que eu mereço agora um banho e pensar na noite." "Assunção, eu não posso ir pra aí mais cedo... Adoraria te ajudar, mas não posso..." "O quê que você tá fazendo, sua vaca?" "Assunção, eu tô fazendo um monte de coisas, um monte! de coisas..." "Monte, o quê?" "Monte, desde lavando roupa até..." "Não, dando o cu é que não" – ela ria e ria. "Não, Assunção, infelizmente não estou dando o cu (no momento). Mas faz o seguinte: toma seu banho, pega o elevador, e vai lá ver isso com o gerente. Eu me encarrego de ligar pro Jesus e você liga pro resto. Se bem que nem sei como é que eu vou achar ele porque a porra não tem celular, mas eu tento o fixo, ligo pro 102 e pronto, resolvido. Faz isso que mais tarde a gente se encontra." E desligamos, peguei o telefone da escrivaninha, o fixo, e liguei pro 102. Bastou 1 minuto e meio conversando com a puta da voz eletrônica dizendo "Entendi" "Não entendi. Poderia repetir?" "Não entendi, poderia repetir?" "Não entendi. Poderia repetir?" "Sua puta, vai tomar no meio do seu cu", e desliguei. Tento não perder os nervos. Hoje ficaremos sem o Jesus, se o Jesus não ligar. Pensei isso olhando pra fora, morrendo de vontade de ficar em casa. E descobri que eu tinha colocado a escrivaninha ali não só por causa do Cláudio, mas porque eu também ia adorar ficar sentadinha ali, as perninhas pra cima, olhando a paisagem. Porque eu vou te falar uma coisa, se tem uma coisa que me comove é a paisagem. Depois da música, porque a música é a coisa que mais mais me comove. Mais mais mais. E nem tem jeito de fugir porque em tudo que eu faço tem uma música que acompanha. Por exemplo, tenho uma que se chama "Descendo a escadaria do 336", que é quando o elevador tá quebrado e eu tenho que descer de escada que é dó dó dó dó ré dó dó dó dó dó dó dó ré dó dó dó fá dó ré mi ré sol dó mi , tudo dois por quatro, eternamente no ritornelo, até chegar no térreo. Até chegar no fá são os degraus, daí pra frente e antes de voltar ao começo são os 7 passos até chegar no outro lance de degraus. A música é realmente impressionante. Foi Ray Charles que disse uma vez que "Pela Música cheguei a Deus. E quando cheguei a Deus, vi que havia chegado ao Diabo. Não quero desfazer este pacto por toda a eternidade". Esse disse tudo. Agora vou tomar banho pra sair. Meu benzinho, estou te esperando de volta. Um beijo, da sua, L.R.
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