Joãozinho I

Quem era um menino bacana, sabe quem?, sabe o Joãozinho?, pois é, o Joãozinho! Aquele sim, era uma pessoinha ba-cana, viu. Ai ai... que menino! Que delícia de menino!... Praquele ali não havia tempo ruim não. Porque o joãozinho era assim: “Joãozinho! Nossa, Joãozinhoo... sabe o quê que é? Posso te pedir um favor? ... Então, sabe aquela padaria ali na esquina? Aquela de sempre? Aquela?! ... Ah, Joãozinho...”, e ele ia sem triscar. Joãozinho gostava de andar. Nossa, como gostava! E eu me aproveitava dele, com aquele gosto todo de andar. E como andava bonito, né não? Joãozinho era classudo. Ia andando, e todo mundo olhando. Olha, você pode até não acreditar, mas andar com o Joãozinho na rua era o inferno dos infernos. Por isso eu chegava em casa e assim que chegava pedia pra ele voltar pra comprar isso ou aquilo que eu esquecia. Porque eu sempre tava com pressa quando tava com o Joãozinho na rua, e quando a gente está com pressa sempre esquece alguma coisa. Aquilo não era desse mundo não, viu. O Joãozinho, realmente... não era desse mundo. Ele nem chiava. Nunca vi o Joãozinho chiar por nada desse mundo. Ele dizia, sabe o que que ele dizia? Que ‘a vida tem que ser levada sem esforço’. Ai ai... eu aprendi muito com o Joãozinho. Moço, novo, e parecia que tinha sei lá, uns oitentanos. Deus me livre! Às vezes ele chegava até a ler meus pensamentos. Mas também, quando se está mentindo não tem nada disso de telepatia, né não? Parece que fica tudo estampado na sua testa, uma loucura. Depois disso nunca mais eu menti perto do Joãozinho. Mas não mentia por sacanagem não. Deus me livre fazer sacanagem! Não gosto dessas coisas, aliás nem sei o que é isso. Não sei mesmo.

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